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Conversa importante sobre a consciência negra é assunto no programa Revista Maristela

por Heloísa Cardoso
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A convite da Rádio Maristela, estiveram presentes no programa Revista Maristela desta sexta-feira,18, o fisioterapeuta, Luís Gustavo Oliveira, a professora e mestra de capoeira, Cristiane Gomes e o mestrando em Educação, Filipi Barbosa para trazer a reflexão sobre a data 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra.

O combate ao racismo é um tema extremamente relevante e necessário. Mesmo que nos dias de hoje seja possível ter mais acesso às informações e consequentemente, mais denúncias estão sendo feitas, ainda há muitas pessoas que não respeitam os negros, assim a caminhada ainda é longa. Cris comenta que “a luta é tão constante quanto plantar uma sementinha. Vemos que a conversa sobre a consciência negra tem evoluído, mas ela ainda tende a acontecer somente próximo da data da Conscientização, e isso precisa mudar”.

Mundialmente, a data é celebrada como forma de trazer para os olhos do público situações de racismo que podem passar despercebidas para alguns, mas para quem a sofre é sempre um desrespeito.

Luis Gustavo fala que há vários níveis de racismo. O que mais se conhece e se vivencia pela população negra é o estrutural, aquele que vem de preconceitos passados por gerações. Exemplos citados pelo escritor são de uma pessoa negra ser seguida dentro de um supermercado, pelo segurança, por ele ou seu time acharem que o negro é suspeito. Ou então uma senhora negra que não é bem atendida na farmácia porque está com roupas mais humildes ou usando chinelos. E existe também o racismo institucional, aquele que diz respeito a empresas e órgãos governamentais não apresentarem pessoas negras em cargos de liderança ou de poder, mesmo havendo candidatos que poderiam ocupar aquela posição.

Segundo os convidados, esses comportamentos são reflexos e reproduções de todo um passado vivido pela comunidade negra, desde a colonização e a padronização do europeu como o que tem posses, é o mais bonito ou que tem mais oportunidades.

E por isso é muito importante que a pauta racismo e consciência negra seja abordada em diferentes ambientes, para as mais variadas pessoas, durante o ano todo. Felipe diz que existe uma boa perspectiva de que isso esteja mudando uma vez que é possível ver a movimentação de novas organizações e politicas que trazem a reflexão. Porém, todos os convidados concordam que é um longo caminho e que tem que se ter uma nova comunicação e dialogo.

Exemplo dessas pequenas mudanças positivas é a representação de heróis, no cinema, que sejam negros e negras, como o personagem Pantera Negra. Porém, é necessário que se pergunte se também há profissionais negros nos bastidores e não somente na frente da câmera. “Colocar negros no holofote já é uma vitória, mas isso não pode parar por aí. Existem incríveis roteiristas, figurinistas, diretores negros que deveriam ocupar seu lugar de especialistas também,” comenta Cris. “Dar oportunidade e espaço para um profissional negro é uma forma de empoderar toda uma comunidade,” segundo a professora.

Trabalhar esses assuntos com crianças é muito importante, também. São elas que repassam o conhecimento em casa, também, e que podem ser uma nova geração muito mais tolerante e respeitosa. Por isso, Luis Gustavo comenta que o livro que lançou há alguns anos, Flora, a menina de cabelo de mola, é uma excelente ferramenta para normalizar o assunto auto estima dentro da comunidade negra. “É muito comum que pessoas com traços negroides tenham dificuldade em assumir e compreender a sua beleza devida à construção social de que o europeu que é bonito e que tem o padrão aceito por todos. Por isso, um livro que fala de maneira lúdica sobre o orgulho de ter o cabelo de mola, uma das identidades da população negra, é muito importante não só para os alunos negros, mas também para os brancos entenderem e reconhecerem seus colegas,” explica o autor.

O mesmo se passa com o que o Filipe trabalha em seu mestrado. Ele conta que seu desafio é estudar e entender as diferentes formas de contar histórias. “Temos os clássicos gregos, mas dentro da cultura africana temos outra subjetividade. Não são somente os pintores e escultores os artistas, mas também quem produz grafite e gibi. Essas são novas perspectivas que podem e devem pautar novos movimentos de arte” fala o mestrando.

“Não basta não ser racista, tem que ser antirracista. É necessário se questionar do porquê não negros ocupando certos lugares, questionar a forma como aprendemos, quem são nossos heróis. Só dessa forma que conseguimos abrir espaço para trilhar um caminho diferente do de hoje,” fala Luís Gustavo.

O recado final é da Cristiane ao sugerir que as escolas promovam a conversa sobre o respeito à comunidade negra durante todo o ano. “O público negro merece mais empatia e olhar de igualdade,” conclui a professora.

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